''Animais são anjos disfarçados, mandados à terra por Deus para mostrar ao homem o que é fidelidade''
Quando
tive a oportunidade de ir, por primeira vez, conhecer minha sogra,
que mora em uma cidade próxima a minha, conheci também a Laila.
Quando cheguei a casa, ainda admirada com o belo jardim que a senhora
cultivava, e também logo após os tímidos cumprimentos a dona da
casa, percebi que uma linda cocker spaniel me cheirava.
Encantada com ela me abaixei e a chamei para fazer-lhe um carinho, porém, o máximo que ela fazia era se aproximar
para me cheirar se afastando logo em seguida para seguir me
observando a distância. A dona da casa, me
confidenciou que estava surpreendida com fato de Laila não
ter latido para mim, ela latia para todos. Mas o que ficou bastante claro para mim, nesse primeiro encontro, foi o
fato de que Laila era o tipo de cadelinha que tem que ter o carinho conquistado.
Na
segunda vez que voltei a casa de minha sogra, novamente tentei me
aproximar de Laila. A chamava e me agachava, incentivando-a a se
aproximar. Porém, apesar da minha tentativa de fazer amizade ela só
me observava sem se deixar acariciar. Ela até abanava o rabinho,
demonstrando sinais de simpatia, porém, não de uma amizade.
Um tempo
depois, quando novamente tive a oportunidade de visitar minha sogra,
já estava convencida de que Laila era o tipo de animal que se demora
a conquistar a confiança e que portanto levaria um longo tempo até que ela me permitisse tocá-la.
Nessa viagem, em uma manhã, tive uma discussão com meu namorado. Contrariando minha natureza chorona, segurei as lágrimas. Com o passar das horas, a irritação ia cedendo, mesmo assim ainda me sentia inquieta. A tarde, após o almoço, ainda me sentindo sufocada, decidi dar uma volta pelas ruas próximas, necessitava me distrair, desfazer aquelas más impressões.
No meio
do caminho, encontrei uma pequena livraria e fui atendida por um
senhor muito atencioso a carismático. Conversamos por um tempo a
após comprar alguns livros, voltei para casa.
Ainda me
sentindo agoniada pela situação ocorrida na manhã, decidi ficar no
jardim lendo um pouco. Me sentei num cantinho do jardim. Percebi que ainda me sentia magoada. Nesse momento então,
certificando-me que me encontrava sozinha, não contive mais as
lágrimas e as deixei que escapassem livremente.
Acredito
que permaneci mais ou menos uma hora, sentada no jardim chorando.
Quando a Laila (que também estava no jardim dormindo) me notou
chorando começou a latir. Pela primeira vez latiu para mim. Pedi a
ela que não o fizesse, pois acordaria minha sogra que descansava na
sala. Porém ela continuou latindo e eu permaneci sentada, deixando as lágrimas saírem, escutando-a latir. Em certo momento, ela percebendo
que não conseguia com os latidos, desviar minha atenção para que
parasse de chorar, se aproximou lentamente e sentou pertinho de mim.
Eu ainda
me encontrava com a cabeça baixa quando a escutei chorar também.
Assustada ergui a cabeça e a olhei. Ela também estava chorando!
Fiquei por alguns segundos olhando para ela. Fiquei tão pasma com a cena que parei de chorar, inacreditavelmente a Laila também... Como estava próxima a mim, passado o susto inicial, a chamei, e nesse
momento, por primeira vez, ela me permitiu que a acariciasse. Me
senti muito emocionada com a cena. Enquanto
acariciava seu pelos delicadamente, Laila me olhava docilmente.
Na verdade eu não sei
exatamente o que aconteceu naquele dia, me pergunto se a Laila teria notado minha tristeza e demonstrado solidariedade. Seria possível isso? Só sei que depois desse momento, entre nós duas nasceu uma amizade.
Alguns minutos depois desse fato minha sogra apareceu no jardim, me procurando para lanchar. Percebeu minhas lágrimas, porém eu as neguei. Não queria que ela soubesse, não por nenhum motivo especial, mas porque não queria preocupá-la com aquele tema. E o
namorado? Fizemos as pazes naquele mesmo dia. Não comentei com ninguém o ocorrido com Laila, talvez por medo de que ninguém acreditasse, na verdade não importava muito isso, meu coração sabia bem o que havia acontecido.
Nem sempre na vida
vivemos um mar de rosas, mas com certeza a vida, mesmo em meio a tristeza, sempre
dá um jeitinho de nos mostrar que nunca estamos sós, só precisamos
estar mais atentos aos sinais. Muitas vezes em pequenos gestos
podemos encontrar (gerar) grandes emoções, e lembranças especiais
que sempre levaremos em nossos corações.
Já fazia tempo que eu tinha um olhar diferente sobre os animais nossos irmãozinhos menores, para mim nunca os considerei somente animais. Porém, são esses pequenos acontecimentos que fazem a ter uma certeza muito maior de que eles são verdadeiros presentes de Deus, anjos em nossas vidas.
Lindo texto, acredito que os animais sintam como a gente e que sim ela se solidarizou com seu choro. Beijos
ResponderExcluirToda arrepiada aqui com a sua história com Laila.. E sim, animais (especialmente os cachorros) são anjos que Deus coloca em nossas vidas pra nos acompanhar, proteger, nos confortar... Desde a infância sempre tive uma relação bem estreita com cães... tinhamos em casa.. e hoje, tenho um "filho" (é assim que o trato, doa a quem doer) que sente e sabe sim de todas as minhas mágoas, meus sofrimentos, minhas alegrias. Esse sim, é na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, incondicionalmente, ao meu lado.
ResponderExcluirBJs.
Seu post me deixou toda emocionada, menina que história linda. Acredito sim que os animais tenham a função de nos alegrar e tbm ser solidários qdo precisamos, eu acredito sim em vc. Qdo minha mãe estava muito doente e internada em estado grave meu gato de 5 anos na época dormia todo dia no chaodo lado onde minha mãe deitava na cama, ele só voltou a dormir em sua caminha depois que minha mãe voltou pra casa, encarei como solidariedade pelo momento difícil que minha família estava passando. Beijos.
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